terça-feira, 10 de março de 2009

Viagem no túnel do tempo!












Que dia é hoje?! De repente lembrei que falta apenas uma semana pro meu aniversário. Comecei a lembrar que já tenho um tempinho nessa vida (muita calma nessa hora hein!!) e me deliciei em viajar nas lembranças.

A primeira recordação que tenho de mim mesma foi aos quatro anos de idade. Lembro que minha mãe pediu pra eu ir buscar um tecido no quarto dela (ela gostava de costurar e bordar) e no caminho eu achei uma tesoura. Lembro bem que eu olhei pra tesoura e pro tecido e me veio uma idéia maquiavélica: iria cortar aquele tecido. Por que? Pergunte a Deus, mas não a mim! A minha sorte (e do tecido?) é que minha mãe notou a demora e foi ao meu encontro, quando viu que eu estava prestes a cometer o ato de maldade infantil, pegou a tesoura da mão e palmadinha nela!(quer dizer, no meu bumbum!)

Lembrei ainda do dia em que fui ao sítio da minha madrinha. Tinha seis anos, lembro que vi um desenho de uma menininha e tentei fazer igual. Começava uma nova fase da minha vida: a paixão por bonecas de papel. Em um passo de mágica virei uma desenhista de bonecas apaixonada! Passava os dias enfurnada no meu quarto conversando com minhas bonecas de papel. Eu era muito tímida, não gostava da convivência social (fugi da escola com 5 anos, me recusei a imitar sapinho no lago, nas aulas de balé e bati numa coleguinha, kkk), no recreio eu sempre gostava de ficar sozinha perto de uma goiabeira que tinha no colégio batista: só eu, minha lancheira e meus pensamentos de criança. Nessa época eu ia muito mal na escola, durante as aulas eu brincava com a Giovana, a Alice, a Claudia (minhas bonecas de papel), ou então com o lápis de cor, com o caderno, etc. Meus pais e a professora começaram a achar que eu era autista. Minha mãe então me levou no médico e, não deu nada! Mais tarde recebi meu diagnóstico: meu autismo era uma miopia bem alta!

Aos nove sofri a maior perda da minha vida, e tive que aceitar isso da melhor maneira possível. Nessa época, uma parte de mim se perdia pra sempre e eu tive que amadurecer mais depressa com a perda da minha mãe.

Aos 10 anos eu já assumia uma nova personalidade. Aquela criança tímida, introspectiva e que tinha pânico de gente por perto, se viu emoldurada por um apetrecho de vidro na cara: em bom português, um ridículo óculos fundo de garrafa. Nascia ai o patinho feio da família, rs. A grande vantagem veio quando abri meus olhinhos indígenas. Vi que o mundo era mais colorido do que eu imaginava. As aulas começaram a ficar mais legais e a vida mais interessante! O tempo era dividido entre as tarefas da escola/aulas e as bonequinhas de papel.

Aos 11, parei de chutar os meninos, comecei a brincar menos de bonecas, e a fazer amizades com gente de verdade. Tornei-me então, uma pessoa mais simpática, apesar de ainda tímida. Eu também passei de aluna mal sucedida, ao posto de CDF da turma.

Aos 12 me apaixonei pelo meu vizinho de 10. Começava então a minha mania quase obsessivo-compulsiva de gostar de homens mais novos (Freud não sei se explicaria...).

Durante toda a adolescência eu sonhava com um príncipe encantado. Não era mais a menina tímida, mas muito sonhadora. Tinha várias amigas, já era extrovertida, alegre e sempre apaixonada por livros. Começava também minha mania quase obsessivo-compulsiva II: gostar de homens que moram longe!

Saí da adolescência frustrada porque meu príncipe encantado mais novo e interestadual apareceu três vezes e sumiu pra terra encantada do nunca mais.

Cheguei na vida adulta. Meus vinte e poucos anos... Entrei na faculdade, namorei muito, Jonh Cuervo já foi meu melhor amigo, já fui chamada de gordinha, magrinha, saradinha.Loira, morena, ruiva e desbotada. Já fui católica, evangélica; hippye, chique, alternativa, rebelde sem causa fora da idade, certinha.Já fiz tatuagem, me mudei pra outra cidade por amor, me viciei em internet, dei risada, chorei, magoei e fui magoada. Me apaixonei, desapaixonei e reapaixonei de novo.Me revoltei diversas vezes, me descobri e redescobri, fui morar sozinha em outra cidade, aprendi a cozinhar(mentira), a me organizar (mentira de novo)e cuidar do meu dinheiro(verdade!). Fiz mestrado, voltei pra casa e descobri que a gente é mais feliz mesmo em casa e perto da nossa gente. Curioso que não mudei muito fisicamente. Foram poucas mudanças físicas intensas, mas generosas diferenças no jeito de agir e sentir.Já penso em casar, ter filhos, constituir família mesmo, adotar o Dom Pedro (meu próximo cachorro) e quem sabe plantar umas samambaias na varanda=)

Hoje, já quase uma balzaquiana (caracaaaa to assumindo a velhice mesmo!) eu sei que ainda vou escrever muitasss linhas ao longo da minha história da vida, sei que ainda tem muitos “tijolos” pela frente, mas posso afirmar que cada aninho tem sido pra mim um tijolinho de amadurecimento. E isso me faz sentir, a cada dia, que eu me torno uma pessoa melhor.